1 de janeiro de 2009

(primeira vez que oiço Ornatos na radio [radar]

vou tentanto esvaziar a cabeça

Pra virar a dor para dentro
Que é virar o amor para dentro
Falo de um amar para dentro
Que é virar a dor para dentro

)

chegada ontem às 16h a Coimbra

passei a noite na fmup entre ossos, músculos (que já não lembro), cafés, jogos de ping pong, bolachas cerelac, jogo dos onze (o nosso nome no último dia de dois mil e oito), frio, chuva lá fora, uma adiada ida ao telhado. A última madrugada do ano.

sono interrompido algumas vezes (a que queria chegou à tarde) pelo Bourré dos Jethro Tull.



Campanhã

Intercidades (lado esquerdo a janela (a praia a metros antes de Espinho), à frente um senhor le sobre poquer (desiste e dorme), lados direitos a senhora (preocupada), o pai (velho) e o marido (implicativo), o senhor dos palavrões ao telemóvel numa conversa acerca de prestações (ouve-se pela carruagem (22)), o rapaz nervoso)

Chego. Respiro Coimbra


baixa: uns a despachar os clientes (a esperança lhes diz que um melhor 2009 os espera), outros à porta a recrutar clientes com um sorriso ou enfiados na sua gruta esquecida já derrotados (a experiência lhes lembra que um 2009 pior provavelmente os receberá). E está assim meia morta, meia viva.

e o ponteiro já não está retido nas 11 horas, o tempo sempre avança afinal na estação b

vou ao café Nicola comprar um almoço quase jantar; apanho os pacotes de açúcar e rio-me da louca que me devem estar a chamar.

atravesso a rua onde um velhote quase me atroplea.

sento.me ao lado do Mondego e falamos. vai-me relembrando, sorrio-lhe. Há coisas que vao ficando só entre nós os dois (como o 14 que não devia ter apanhado). Depois de tudo percebes porque me fui?
Olha a lua meu querido, uma nova estrela acompanha-a [nao minto, o Cabral ou Nuno também nela repararam]. Chamou-me depois daquele fim-de-semana, se calhar é a minha alma que se foi e deixou-me o corpo e agora grita por mim. Ou se calhar o contrário, meu corpo berra à minha alma cega que já não vivo, que este mundo deixou de ser meu, tudo o que vivo é de outra pessoa. Ou ele a dizer-me que está comigo apesar de tudo. Continua então comigo.

Senti-me apaixonada pela vida.

Um outro café Nicola, ando de mesa em mesa à procura de pacotes, olham-me de forma diferente. Entro Um café pff (a senhora a estranha (cara de liceu há uma hora atrás))

Cada Momento merece uma inspiração especial. Rasgo com cuidado, vejo o açúcar a afundar-se lentamente na espuma (tão delicioso, daquelas imagens que guardo na prateleira do quarto velho iluminado pelo Sol de Outono onde uma árvore cresce do chão de madeira), sorrio para quem me vê, sorrio para mim, estas viva

estou viva e estou feliz
(estou, não sou)

Grito para dentro (reservo o espaço de fora para nós (Sá da Bandeira (oh Baconal), os de Contabilidade a afastarem-se e nós a puxar pela CONA e pelo nosso curso (não sei se te ame ou se te odeie) a gritar amarelo (sim, és a minha cor) (e na despedida a dizer que vos adoro com uma sinceridade que ja não lembrava em mim

estou viva e sinto.

E espero mas aprendo a não ansear o nosso encontro (porque gosto de acredita que me vais encontrar).

1 comentário:

N.R. disse...

Escreves demasiado bem. Isso que fazes de absorver pequenas coisas do que te rodeia, por mais insignificantes que possam parecer ao resto das pessaos, e transformá-las no que transformas é invejável.

E este comentário ficou demasiado formal. Não queria.