8 de dezembro de 2009

ouvia na biblioteca quente Carla Bruni. A Professora Florbela perguntava-me por quem suspirava eu, no meu canto, a espreitar lá para fora, a espreitar para além das grades azuis que sempre senti prenderem-me.
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e chego a este ponto e percebo que as minhas amarras sempre fui eu, fui e ainda sou eu.

L'Excessive.

somos excessivas.

Excessivamente.

e sentes todo o mundo à tua volta a girar e só te ris, gargalhadas bem altas que todos fingem não ouvir porque sabem o que te diverte e têm vergonha.

tenhamos vergonha de todo o excessivamente vazio que todos preenchemos com coisas excessivamente ocas, não têm volume, não têm forma, nem cheiro nem cor nem sabor

vês

nada

o excessivamente nada.

gargalhadas audíveis para além das quatro paredes do mundo que perfuram os tímpanos de todos os excessivamente ocupados com o nada e que te ignoram porque lá no fundo

lá bem no fundo

sabem que são tão mas tão excessivamente nada nada nada nada

e mostram-se e berram-se ao mundo para se convencerem do contrário.

e nós divertimo-nos.


Voltámos. L'Excessive, Je suis excessive.

12 de agosto de 2009

Nota Quatro-última

Esta nossa Estação de Comboios mudará de cidade.
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Para mais informações contacte através dos comentários, e-mail ou carta.
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e são 16:18 e encerro o meu blog.
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Encontramo-nos em novas paragens e no Purple Elephant.
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8 de agosto de 2009

Nota Três

algo parecido com:
pareces uma maçã.
porquê?
a maçã também está-se sempre a mexer porque quer sair da árvore,estás sempre a sair do teu lugar (consegui?).

e houve ainda a alusão a dois elefantes (um com o qual me pareço), a uma girafa, a cobras, a pacotes de açúcar, a um bebé de dois meses que cresce na minha barriga, a uma visita (contornaremos a questão) e a olhos nas bochechas (quatro portanto. seis, pois mostrei-lhe o terceiro par, apesar de apenas ter visto um fiozinho verde como o outro via (quando permitia que só ele me olhasse nos olhos (e ainda ontem falei de ti e do teu intelecto e lembrei-me constrangida da nossa serventia (conversávamos outro dia sobre o morrer e o arrependimento e contei as desculpas que tenho ainda que pedir. um dia roubo coragem a alguém e bato-te à porta)))).

mais tarde a cancro.

e a cancro.

e a cancro.

e a cancro.

o da senhora de olhos azuis, o da mãe da amiga (que é afinal prima), o do desconhecido que se ofereceu para ajudar o suposto louco que acabou por lhe contar a vida e por lhe transferir não se sabe bem o quê (espiritual, pareceu-me) que segundo o louco o matou, a ele e ao empregado, e o da mãe (falas agora no Setembro

Há um Setembro.
Houve um Dezembro. Houve um Janeiro. Houve todas umas semanas até Julho. Houve Julho. Há todos uns dias até Setembro.

E há umas flores todos os meses e há um ritual todas a noites.)

6 de agosto de 2009

Nota Dois

mas ainda assim continuamos os mesmos.

(e ainda os mesmos ponteiros do relógio do sexto andar)
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5 de agosto de 2009

Nota Um

comer um Sundae sozinha não é bom.
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21 de julho de 2009

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Patrick Watson - Slip into your skin

(17:26
amanhã partimos)
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20 de julho de 2009

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a finalizar a conversa sobre os meus distúrbios obsessivos concluídos hereditários, I Want You To Want Me de Cheap Trick.
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(e passaram oito anos. e tanto ficou por fazer.

resta a rua com o estojo no chão e as minhas futuras crianças)
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16 de julho de 2009

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parece-me que há uma chave na fechadura errada.
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9 de julho de 2009

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(queria fotografar o meu guardanapo do Café Nicola da Baixa mas va-se lá saber porquê a maquineta não funciona. fica um outro guardanapo guardado para o elefante roxo)
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Café Restaurante Pastelaria Nicola:
-Chá de Limão ("Um dia faço voluntariado")
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Procurámos Fauré na Casa da Cultura (ainda não foi desta) e vasculhámos no sotão no Jardim da Sereia. Uma criança sorriu-me com uma ingenuidade celestial, semelhante à de uma outra que se agachou em frente à florista Grand Palace e exclamou para a mãe "Cheira bem". E que a simplicidade e a inocência nos lavassem.
O Senhor Calvino, mergulhámos no seu passeio com paragens várias para sorrir às frases que nos mapeavam. Hoje houve tempo para ler e assim adormecer. Em Coimbra fez Sol e em Coimbra fiz música para mim. Segundo o rapaz do comboio hoje vi-me e estivesse alguém a ouvir-me ter-me-ia conhecido sem me falar.
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[corre rápido. entras e não sais mais, é pegajosa como um rebuçado deixado ao sol. por isso é que as pessoas não andam, estão presas. se reparares, se o fizeres com alguma atenção, verás que estão paradas.]
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4 de julho de 2009

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"sinto o mundo longe dos meus pes"
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(emiliana torrini. paro sempre aqui:

Lend me yours wings and teach me how to fly.
Show me when it rains, the place you go to hide.
And the curtains draw again and bow - another day ends.
The leaves applaud the wind.

(entre raios de caes que comem grays e raios de embriologias, a rapariga de camisa as riscas. esta sentada ha horas com dois copos de cafe vazios a frente. (tivessem os homens auras e seria a sua em tons amarelos (tivessem os homens auras e mandaria a minha tocar a dela, fosse o seu amarelo clarear o meu preto)))

emiliana torrini. birds)

30 de junho de 2009

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porque li "A coreógrafa alemã Pina Bausch morreu hoje aos 68 anos. A autora de "Café Müller", a única peça sua que interpretou, soube há cinco dias que sofria de cancro." e lembrei-me do que disse a Professora Filipa Almeida no primeiro semestre sobre doentes seus que desistiam, o corpo acompanhava a mente na derrota e em pouco tempo morriam apesar das muitas hipóteses de sobrevivência.
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e imagino uma sala, talvez branca, das muitas salas de uma enorme casa abandonada. do tecto pendem sacos de plástico rotos cheios de água. estão seguros por fios com dimensões que variam consoante a pessoa.
vamos morrendo a cada gota que cai.
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há no entanto fios que por um qualquer motivo se desfazem e os respectivos sacos caem e toda a sua água se espalha pelo chão de madeira:
morreu.
a pessoa morreu.
desistiu e morreu.
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(fechamos os olhos, desligamos dos sons deste mundo e do silêncio começaremos a ouvir as gotas a cairem)

27 de junho de 2009

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(o marco são os dezoito. parece-me que se sobe até ao um, um pouco mais até ao oito e a partir deste é sempre a descer. amaldiçoemos o número oito)
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[gostava de te perguntar se estás bem mas não sei como o fazer. uma mensagem num balão ajudaria mas não sei se chega a ti, que longe estás apesar de por vezes te julgar no mesmo barco em que me encontro]
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e ouve-se Beatles. hoje ouve-se e canta-se Beatles (porque quem canta seus males espanta, já dizia a avó que hoje me ligará para dar os parabéns mas não me falará no homem da Lua, com que me assustava nos anos em que os números caminhavam solitários, e que ainda hoje imagino corcunda, velho, com suas roupas rotas em tons castanhos, mãos grandes e olhar plangente com que suplica à terra perdão)
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26 de junho de 2009

Chegando a casa depois de uma semana que me estranhei reparo no chio triste, no pai como sempre, na júlia mais bonita e na mãe cansada.

Salmão com cenoura que já não se comia desde o tempo das beterrabas (e do bife de cavalo porque era preciso ferro. e só uma vez nos falhou a referida ementa:

Horário preenchido com aula de apoio para o exame de físico-química. comíamos bolo da páscoa da professora (o tempo que perdemos, senhora e senhor (julgo-te mal penso eu, um dia conversaremos sobre isso)) nas escadas do terceiro andar e ouvíamos fórmulas e raciocínos da sala horas antes ocupada por alucinadas considerações filosóficas (segundo nos relatavam) de um professor respeitosamente chamado de banana por quem suspirava nos vãos das escadas e que um dia na casa da cultura de coimbra me detém para uma conversa de horas surpreendendo-me pela minha existência conhecer (estudasse eu em coimbra e passaria o tempo no cinema de que me falou),

liga-me o paizinho, ligo à Júlia. E fiz eu o jantar nessa semana. )


Falaram-se de políticas e politiquices. A mãe enervou-se, eu enervei-me por enervarem a mãe, o pai enervou-se por enervarem a mãe, a júlia enervou-se por enervarem a mãe (porque nem só com ferro se matam bichos (ora, mas longo ficaria este texto) mas no fim continuam a enervar a mãe e nem eu, nem o pai, nem a júlia o impedimos. O pai porque já tentou e não conseguiu, a júlia porque ainda não pensa em tentar e eu porque me preparo para reflectir sobre o tentar (porque tentar é difícil ainda para mais quando a probabilidade de falhar é grande).


A minha ovelha continua no mesmo local com o mesmo tom vermelho e a mesma expressão de macaco que me atraiu quando eu e fonseca vadiávamos sozinhas numa quarta feira à tarde pela coimbra que sempre desejámos nossa.
A planta que pedi continua meia verde meia murcha. segundo alguém entendido na matéria (apesar da tua miosotis ter morrido, desleixo meu é verdade (ceguez dos dois concluamos)) devo-lhe falar.
Os meus búzios continuam mortos, mas persisto ainda na teoria da geração espontânea de vida (olhai para o que tendes dentro. se não acreditardes que do vosso vazio do nada poderá um dia brotar vida, como vos manténs por aqui? não discordai).
O meu elefante, não roxo mas cinzento dos anos que já tem, continua com os mesmos olhos azuis que me observavam carinhosamente quando lhe falava e chorava na idade em que pensava que de noite os meus bonecos comentavam enquanto dormia os segredos que lhes contava.
Tudo continua.


(vinte e duas e quarente e cinco pelo relógio da avó. «mudar de vida» dos humanos.)

19 de junho de 2009

são 11: 39

começou o s. joão da terreola.

Patrick Watson versus Música Popular (um qualquer Manel Antunes ou Malhoa Micaela)

(calem-se (calem-se!))

(e fazem-se um, dois, três, não sei mais quantos anos de coisas

(que foram e não foram e não podiam ser e tinham que ser porque assim tinham de ser e têm de ser porque sim e porque não porque se fossem tudo e se não fossem nada e porque naquele momento tinha que ser e porque não se podia esperar porque assim somos todos (raios!) e porque sim porque Deus quis e porque se arrependeu mas já estávamos feitos e porque tentou voltar atrás e foi isto (olha o que fizeste Deus) porque há direcções e há a palavra diferentes (e quem és tu para definir a diferença?) e há quem nos empurre e há quem nos puxe e há quem nos deixa para trás e há quem volte para o que foi, há quem olhe para trás (nunca olhes para trás) e não olha mais para a frente, porque há quem inisiste e cria raízes em desertos (mas conseguem não conseguem? porque não tentas também?), porque há quem veja há quem não vê ha quem não quer ver há quem julga ver há quem julga não ver. porque sim, porque fui, não quero e quero ser porque já foi tanto mas ainda há tanto (quem te disse? quem disse para esperar, quem disse o que esperar e quem disse porque esperar?

corta-te em pedaços, tira um, coloca-o num dos teus cantos (vês o teu sotão do teu jardim? tem cantos que conhecem, cantos que só tu conheces, que só eles conhecem, cantos que ninguém conhece. coloca-o na caixinha da Maria Saudade e com cuidado arruma-os num dos cantos que é só teu, num que ainda não tenha nada. não o ilumines, não o alimentes, não o regues, não lhe fales nem lhe respires. deixa-o.

sei lá porque sim. não queres? então deixa. alguém quando o encontrar (e quem te disse?) alimentá-lo-á, regá-lo-á, falar-lhe-á.

e iluminar-te-á.

e finalmente respirarás.

(mas não confundas. não confundas sim? porque há os que não são e há o que é)

(porque quero ser mais, não mais que isto, quero ser mais de mim. preciso de ser mais de mim)


))))

[e raio de anatomia e mais quem gosta disto]

17 de junho de 2009

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está na altura de irmos à bruxa.
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15 de junho de 2009



saltemos saltemos saltemos saltemos



(e ultrapassemo-nos)

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11 de junho de 2009

no fundo rosa da rapariga loira que comentou a queda do rapaz que ia ter com a namorada
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Minds are like parachutes
They only function when they're open
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(um dia vou saltar com um paraquedas pregado nas costas, ele não vai abrir e descobrirei que afinal sempre sou capaz de voar.
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depois acordo e esqueço-me.
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quantos vezes já terei descoberto e depois esquecido que sou capaz de voar?
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quantas vezes e quantas coisas já teremos esquecido de que somos capazes?
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(na Radar fala-se Patrícia Cortela.)

10 de junho de 2009

uma mistura de uma viagem pelo coração
(pergunto se a Daniela se lembrará da viagem que fizemos provavelmente sozinhas pelo coração. preferia o nosso coração imperfeito mas ainda assim um inocente coração (nao me recordo se nos cruzámos entre tantas paredes a que agora dou nomes e que na altura eram simples armários onde vos guardava (e guardo, felizmente mais apertados))

e pelo La Science des Rêves a que ultimamente tenho regressado muitas vezes:

(meu marido será um Stephane
"Will you marry me when you are seventy? You'd have nothing to lose"

"P. S. R. Parallel Synchronized Randomness. An interesting brain rarity and our subject for today. Two people walk in opposite directions at the same time and then they make the same decision at the same time. Then they correct it, and then they correct it, and then they correct it, and then they correct it, and then they correct it. Basically, in a mathematical world these two little guys will stay looped for the end of time. The brain is the most complex thing in the universe and it's right behind the nose. "

(caro pintor do Jardim de São Lázaro
marco consigo um encontro prometido
amanhá um pouco mais tarde que o costume
visto ter de deslocar o (meu) mundo da sua órbita
para estar finalmente liberta da atracção (repulsão) da terra.

(parto agora

ansiava um dia sair de casa, quando todos estivessem a dormir, roupa dentro de uma mochila e o dinheiro até aí poupado, correr até à estação (medo do escuro e de nos desencontrarmos) e entrar no primeiro comboio. no comboio de pessoas que temem a escuridão e o frio do outro lado dos vidros e mais ainda temem que de quem fogem as encontre ou que quem procuram não encontrem.

parto agora quando todos dormem
e amanhã nos encontramos.


P.S.R.
ate amanhã)

)))

5 de junho de 2009

o chá de limão foi capaz de derreter o gelo que se acumulou nos últimos dias.

Chá de Limão.

todos os dias serem chá de limão.

(porque nesses dias não se plantam árvores cujas raízes descem em profundidade para amarrarem o que não deve aflorar).

30 de maio de 2009

sendo a melhor amiga da cabeça a parede

(entretanto Jolie Coquine)

25 de abril de 2009

caiu um vaso
com mais mil e um, caiu um vaso do andar de cima.

e no chão, a flor murchou.

(mas (semente) dela as sementes

uma nova
com mais mil e uma algures

uma nova.)

19 de abril de 2009

Celestialmente inesquecível a nossa noite



(bêbada digo e sóbria repito)

12 de abril de 2009

tenho medo do escuro

tenho medo que o os diospiros se acabem e que só restem as maçãs vermelhas

(topo topo de gama)

9 de abril de 2009

alfinete de limão

topo topo topo de gama (note-se pelo título (topo topo topo topo de gama))

com um problema de expressão acompanhado por um sopro no coração na rua da sofia (e canto alto para me ouvirem)

faltavam as sabrinas, o chapéu e os óculos escuros (do tempo da bisavó)

mas tinha o relógio (da avó)

onze euros e meio em flores e o café santa cruz (onde corei e me ri de seguida porque sou tão mais do que aquilo (compreenda bem, que me mudo agora e não quero mal entendidos))

oitenta euros por uma coimbra de 1983 ("a menina nao era nascida") pelas mãos de um fotógrafo profissinal, pintada de branco.

mas antes de preto (e pergunto-me se o arrependimento matasse ainda estaria aqui).

(e embriagadas daquele dia lembramos o que foi e o que podia já não ser (e choramos o que é))

4 de abril de 2009

E já passaram oito meses e já se foi e veio tanta coisa.Preciso de uma semana para pôr tudo em ordem. Deus Deus, que meses.

Reclamo

(Lado Esquerdo- Clã, descoberto hoje)

(dêem-me) tempo, (dá-me) paciência e (dou-me) cor.

29 de março de 2009

Peculiarmente quero-vos,
Queros-vos novamente minha.

(Everything in Its Right Place, Radiohead)

Uma lupa.
Ou uma bola se sabão.

(talvez seja dos óculos. preciso de uns óculos novos)

24 de março de 2009

Tell me how it feel
tell me how to feel it.

(quero dormir o sono do sete)

((e na Radar passa Blowers Daughter))

22 de março de 2009

"Orações Soburdinadas"

http://aeiou.visao.pt/oracoes-soburdinadas=f500531

(e preparo-me para acabar o Memória de Elefante

(num Quarto 210))

21 de março de 2009

Liguei à Fonseca num estado tal que não me lembro, na noite em que fez dez meses com o Anthony. Dez meses, dez meses com o Anthony.
E como eu e Tânia (hoje pensei em ti e nem te disse) almadiçoámos essa vossa relação de "só amizade" mesmo à frente do Mike (dei-te os parabéns no mesmo dia em que te devia ter dado uma flor, mas não dei

(e pergunto-me como teria sido se assim te tivesse confiado a tal rosa que havia colhido no início do ano. um dia mando-me questionar-te sobre tal
(um dia mando-me questionar toda a gente sobre as rosas que devia ter dado e por medo e sei la o que mais, não dei

(e porque cometes sempre o mesmo erro? um dia murcha o teu jardim

(raios tu também, rouba-mas se tal for necessário)))))

Fizeste dez meses ao que estava condenado por nós a semanas. Não sei que te fazer, que vos fazer. Dizei-me oh Deuses da eterna (tempo que me desgraças) sabedoria da insensibilidade

(a conversa de sempre, de sempre, de sempre. preciso de renovar argumentos, abrir novas portas de meu armário do meu sotão do meu jardim.

(Dai-me a ler as vossas bíblias))

Vou-me que este tempo não é para mim (e viver no tempo dos cavalheiros e das damas de lenço).

19 de março de 2009

((Quero um peixe dourado
o meu casaco virado ao contrário
botões nas minhas árvores

quero o piano do andar de baixo
o relógio do vizinho de cima

quero um bolo de laranja
laranjas da montra da loja da senhora com baton))

Uô, uô, uô, uã

8 de março de 2009

Carlota Joaquina

minha papoila dourada, como te adoro.

4 de março de 2009

Confissões de Lúcio

[…] assim éramos nós obscuramente
dois, nenhum de nós sabendo bem se o
outro não era ele-próprio, se o incerto
outro viveria…
Fernando Pessoa
«Floresta do Alheamento»

saí do comboio anseando um sítio seco, longe da chuva onde o pudesse acabar.
alojei-me no último andar do Via Catarina onde li as últimas dez páginas, alheada de tudo.
Perturbador

23 de fevereiro de 2009

revisitado o local. procuro o simbolismo:
a noite
ou o dia

(contar-vos-ei um segredo. um dia contar-vos-ei o meu único verdadeiro segredo

coloca-lo-ei entretanto no jardim do esquecimento

enquanto neste mundo me equlibro e equilibro-vos em mim)

21 de fevereiro de 2009

a virgem, a semi puta e a puta (que viraria santa nessa noite depois de acompanhar a primeira na lastimável acção do esquecimento
(como gosto de vocês
(sim sim, há pessoas fantásticas

há as extraordinárias (o completo êxtase da puta)
há as horríveis (o completo êxtase da virgem)
e há as fantásticas:
la la la la la la la la in anyone else
But you

(fechado em mim para não perder, vender ou deixar esquecido num jardim (o grande jardim do esquecimento, imaginai-o

(falando em esquecimentos, o meu pobre telemovel deixado no comboio, recuperado em Coimbra (que cheia estavas para quem o tempo não avança) seguido de um cómico "desculpe é o senhor Nuno Loiro?" (e se me desse para estar falando com um Amor ou um Carlos Chato ou uma Rita Puta?))))))


[e o raio (raio raio raio (indo indo (e o ito ito ito (com o al al al al (depois de bio bio bio (nos ecos ecos ecos)))))) dos espaços, palavras, letras. raios com raios vos colapsai fora de mim, bicho estranho que sois (nao, ficai. Fazeis-me bem, bem bem.)

finalmente tempo para ler."Senão, leiamos."

desculpai o puta e semi-puta.

17 de fevereiro de 2009

Depois de tocar o Andante em C de Mozart vezes e vezes apercebi-me que não me importava de passar a vida a tocar nas ruas.

Epifania.

Tomara uma epifania na rua Santa Catarina.

Ou na rua Sofia onde me juntarei à Acordeonista (perguntar-lhe-ei o nome da música que tocou na minha cabeça todo aquele sábado)

Retomo Comptine d'un autre ete

(um dia terei um piano e serei pianista)



[House of Cards]

10 de fevereiro de 2009

falaríamos dos meus botões

da mancha vermelha no meu terceiro dedo da minha mão direita (aquela com que ainda não te escrevi nenhuma carta)

falaríamos do céu lilás e das suas nuvens verdes (escolhe tu as cores, eu pinto-as)

de como agora são 19h:19 e acreditas, como eu e mais ninguém, que realmente alguém pensa em nós

falaríamos do filme que vi ontem sozinha sonhando estar num cinema vazio

no baloiço imóvel que espera por alguém ao fundo da rua, onde nos cruzámos numa noite em que o sol invejava a lua (e a chuva)

falaríamos dos mapas dos teus mundos

do perfume da rapariga que passou por nós, do bom dia respondido, do cachecol do suposto artista, do andar da velhota

falaríamos das bolhas da água ou da forma do malmequer (um dia conto-te um segredo)

do rio de algodão (escolhe a cor, eu pinto) escondido da cidade cinzenta onde ninguém se encontra

falaríamos mal do mundo, amaldiçoaríamos os felizes

(não percebem estarem tão vazios como nós)

sussuraríamos nas sombras da minha rua

sobre a tua alma que não conheço.

9 de fevereiro de 2009

A minha Julianne fez hoje anos

a minha irmã que não gosta de beijos e que se casará com o Pedrito

A minha Júlia que pintou um picasso que preenche a sala (onde o meu pai dorme agora, sentado na cadeira à frente da lareira cujos sons se confundem com a radar (a companhia de sempre a esta hora))

a minha Juliana que diz não gostar de pessoas

a outra metade dos meus pais que hoje, com um olhar penetrante nas velas, me ia fazendo chorar.

[sabes quando a dor é tanta, te preenche na totalidade, não te deixe respirar, não pensas. Foste essa dor.
Ainda és.
Desculpa-me. Desculpa-me mas ainda és]

Poder ver o vestido que a mão lhe deu (vai ficar linda).


Ontem desci a rua na esperança de te encontrar
devias estar a dormir (queria que dormisses em mim, no canto dos sonhos, em que nos lembramos enquanto duram mas esquecemos quando acabam. Sim, devias ser um sonho).

27 de janeiro de 2009

Noiserv


descoberto hoje durante uns dos intervalos de tortura anatómica
http://www.myspace.com/noiserv

num novo porto musical
http://www.merzbau-label.org

23 de janeiro de 2009

so me ocorreu pensar:

quero um pijama de homem

17 de janeiro de 2009

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anda ver se chove.

11 de janeiro de 2009

buy me a plant please

and a cat different from the others

and a camera

and a yoyo, my frog is spoilt

and my aples

and a cd with the musics Sicilliene and Fantasie of Fauré (and the score)

and my instructions book

and a bus ticket to go to foz (onde sentes que ha mt para além de ti) in a rainy day.

buy me too a hat

and a seat in a empty cinema

and a clock to put in my finger, like a ring; better, like an alliance

I'm going to marry with the time (ingles correcto?)

buy me an umbrella to use on sunny days

and a violet tree

and a chewing gum with sugar

and the ocean to put my fish (my black fish that is escaping of my cat)

and my definition

and buy please a pen to my father and tell him to give it to me

buy me a piano

and grass

and a big bath (the biggest)

and the book I read on the last day before hibernation (that one about a boot)



continue

2 de janeiro de 2009

"Mas de resto, acho normal, numa sociedade tão automatizada e estupidificada como a nossa, esperar um apocalipse até acaba por ser um desejo inconsciente."

1 de janeiro de 2009

(primeira vez que oiço Ornatos na radio [radar]

vou tentanto esvaziar a cabeça

Pra virar a dor para dentro
Que é virar o amor para dentro
Falo de um amar para dentro
Que é virar a dor para dentro

)

chegada ontem às 16h a Coimbra

passei a noite na fmup entre ossos, músculos (que já não lembro), cafés, jogos de ping pong, bolachas cerelac, jogo dos onze (o nosso nome no último dia de dois mil e oito), frio, chuva lá fora, uma adiada ida ao telhado. A última madrugada do ano.

sono interrompido algumas vezes (a que queria chegou à tarde) pelo Bourré dos Jethro Tull.



Campanhã

Intercidades (lado esquerdo a janela (a praia a metros antes de Espinho), à frente um senhor le sobre poquer (desiste e dorme), lados direitos a senhora (preocupada), o pai (velho) e o marido (implicativo), o senhor dos palavrões ao telemóvel numa conversa acerca de prestações (ouve-se pela carruagem (22)), o rapaz nervoso)

Chego. Respiro Coimbra


baixa: uns a despachar os clientes (a esperança lhes diz que um melhor 2009 os espera), outros à porta a recrutar clientes com um sorriso ou enfiados na sua gruta esquecida já derrotados (a experiência lhes lembra que um 2009 pior provavelmente os receberá). E está assim meia morta, meia viva.

e o ponteiro já não está retido nas 11 horas, o tempo sempre avança afinal na estação b

vou ao café Nicola comprar um almoço quase jantar; apanho os pacotes de açúcar e rio-me da louca que me devem estar a chamar.

atravesso a rua onde um velhote quase me atroplea.

sento.me ao lado do Mondego e falamos. vai-me relembrando, sorrio-lhe. Há coisas que vao ficando só entre nós os dois (como o 14 que não devia ter apanhado). Depois de tudo percebes porque me fui?
Olha a lua meu querido, uma nova estrela acompanha-a [nao minto, o Cabral ou Nuno também nela repararam]. Chamou-me depois daquele fim-de-semana, se calhar é a minha alma que se foi e deixou-me o corpo e agora grita por mim. Ou se calhar o contrário, meu corpo berra à minha alma cega que já não vivo, que este mundo deixou de ser meu, tudo o que vivo é de outra pessoa. Ou ele a dizer-me que está comigo apesar de tudo. Continua então comigo.

Senti-me apaixonada pela vida.

Um outro café Nicola, ando de mesa em mesa à procura de pacotes, olham-me de forma diferente. Entro Um café pff (a senhora a estranha (cara de liceu há uma hora atrás))

Cada Momento merece uma inspiração especial. Rasgo com cuidado, vejo o açúcar a afundar-se lentamente na espuma (tão delicioso, daquelas imagens que guardo na prateleira do quarto velho iluminado pelo Sol de Outono onde uma árvore cresce do chão de madeira), sorrio para quem me vê, sorrio para mim, estas viva

estou viva e estou feliz
(estou, não sou)

Grito para dentro (reservo o espaço de fora para nós (Sá da Bandeira (oh Baconal), os de Contabilidade a afastarem-se e nós a puxar pela CONA e pelo nosso curso (não sei se te ame ou se te odeie) a gritar amarelo (sim, és a minha cor) (e na despedida a dizer que vos adoro com uma sinceridade que ja não lembrava em mim

estou viva e sinto.

E espero mas aprendo a não ansear o nosso encontro (porque gosto de acredita que me vais encontrar).