8 de dezembro de 2009

ouvia na biblioteca quente Carla Bruni. A Professora Florbela perguntava-me por quem suspirava eu, no meu canto, a espreitar lá para fora, a espreitar para além das grades azuis que sempre senti prenderem-me.
.
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e chego a este ponto e percebo que as minhas amarras sempre fui eu, fui e ainda sou eu.

L'Excessive.

somos excessivas.

Excessivamente.

e sentes todo o mundo à tua volta a girar e só te ris, gargalhadas bem altas que todos fingem não ouvir porque sabem o que te diverte e têm vergonha.

tenhamos vergonha de todo o excessivamente vazio que todos preenchemos com coisas excessivamente ocas, não têm volume, não têm forma, nem cheiro nem cor nem sabor

vês

nada

o excessivamente nada.

gargalhadas audíveis para além das quatro paredes do mundo que perfuram os tímpanos de todos os excessivamente ocupados com o nada e que te ignoram porque lá no fundo

lá bem no fundo

sabem que são tão mas tão excessivamente nada nada nada nada

e mostram-se e berram-se ao mundo para se convencerem do contrário.

e nós divertimo-nos.


Voltámos. L'Excessive, Je suis excessive.