30 de agosto de 2012




Tal como o Som e a Fúria, perplexa, atónita, ausente. 

Um livro que nos vai envolvendo num abraço de repulsa e asco. A história é cruel, mas não foi isso que me transtornou mas a escrita deste grande autor, William Faulkner. Uma narrativa envolta em nevoeiro, factos que gradualmente vão construindo uma história cada vez mais negra, mais  nauseante. 



" Temple bocejou, tapando a boca com a mão, e depois tirou uma caixinha de pó de arroz e abriu-a, aparecendo um rosto em miniatura, taciturno, insatisfeito e triste. O pai estava sentado ao lado dela com as mãoes cruzadas sobre o punho da bengala e o traço fino do bigode perlado pela humidade, como prata overlhada. Ela fechou a caixinha e, por baixo do chapéu novo todo janota, parecia seguir com os olhos as ondas musicais, até elas se dissolverem nos acordes morrentes dos metais na outra margem do lago, no semicírculo arborizado onde, a lúgubres intervalos, sonhavam serenas as rainhas mortas de mármore já manchado, daí perindo ao céu, prostrado e vencido no abraço da estação da chuva e da morte." 


Santuário, William Faulkner


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